terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Cinema e Educação

Quando comecei a estudar cinema, a crítica e as teorias fílmicas, iniciei um movimento memorialístico tentando identificar na minha própria formação de que forma o cinema esteve presente. Não resta dúvida de que ele esteve estava presente, mas de que maneira ele se entrelaçou às minhas aventuras cotidianas?

Se eu considerar o cinema como sala de exibição, diria que esta aproximação se deu nos anos 80, quando já era adolescente. Antes disso, tinha ido apenas uma vez à sala escura para assistir Cinderela, da Disney. Mas se considerar que o cinema também é o filme (pode parecer estranho dizer isso), podemos então ampliar essa aproximação, na medida em que nos anos 70 a televisão brasileira trazia em sua programação os clássicos do cinema hollywoodiano. Chopin me foi introduzido pelos dedos de Tyrone Power (talvez nem tenha sido os seus) no filme Melodia Imortal, já a história do amor impossível foi angustiantemente narrado em Suplicio de uma Saudade, tendo como protagonistas William Holden e Jennifer Jones. Sem contar com os musicais de Fred Astaire, Judy Garland, Mickey Rooney, Gene Kelly, Sid Charisse e outros que me fizeram apreciar mais ainda a dança e vê-la com beleza. Havia graciosidade e grandiosidade naqueles gestos quase prefeitos, harmônicos e tão bem sintonizados com o cotidiano das personagens como se não houvesse uma separação entre o simples movimento de andar na rua ao de bailar em uma praça. Não nos importávamos se na hora da cena de amor os atores não se beijassem, mas cantassem. Hoje pode parecer estranho, mas para o gênero e estética daqueles filmes, tais gestos eram até esperados. Os filmes infantis não ficavam atrás: Lassie, com Elizabeth Taylor, aos 11 anos, e Roddie MacDowall com 15, narrava as peripécias de uma cadela (um collie) com seus donos, tematizando a amizade. Na sequência, assisti também O Filho de Lassie cuja temática também era a amizade (o seu dono, vivido por Peter Lawford, tinha se separado do cão por ter sido convocado pelo serviço militar, compreensível já que o filme é de 1943).

Os temas eram variados, embora a procedência dos filmes fosse a mesma: os estúdios de Hollywood. Posso assegurar que a minha geração assistiu muito aos filmes norte-americanos, aos clássicos, além de, no cinema, ter tido contato com os filmes apenas legendados. Hoje eu evito assistir aos filmes dublados, pois não há como substituir a entonação e ritmo de voz de Humphrey Bogart, por exemplo.

Mas o que o cinema ensina mesmo? Ensina uma estética, um jeito de olhar, atitudes, história, cultura, arte, embora não tenhamos consciência disso quando estamos diante da tela (exceto os críticos). O cinema emociona e o faz porque nele algum gesto se materializou, tocando profundamente o espectador. O que lhe causa emoção liga-se ao seu momento, à sua visão de mundo e aos seus valores. As ações das personagens dizem algo que, ao entrar em contato com o mundo sociocultural do espectador, provoca respostas: indignação, dor, raiva, amor, vingança, esperança, conforto, prazer, enfim respostas abstratas que lançam o espectador a atitudes concretas, muitas vezes sutis. As crianças e adolescentes encontram espaço para performartizar, imitar, admirar e, assim, interagir com o mundo.

O cinema ensina a escrever uma história, um tecido feito de imagem, som e movimento, e o crítico ensina a ler essa história a partir de dispositivos analíticos, muitas vezes revelando a artificialidade e a engenhosidade do diretor. Talvez aqui resida uma questão: ao fazer isso, não se está negando o próprio cinema? Eu não tenho respostas para essa pergunta, mas devo dizer que mesmo estudando cinema, analisando a sua linguagem, continuo me emocionando com ele.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

DOUTORADO - DMMDC

A versão impressa da primeira avaliação da disciplina Processo de Construção do Conhecimento ministrada pela profa. Lúcia Leiro deve ser entregue no Colegiado do Curso impreterivelmente até o dia 23/11/2011.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Apontamentos de Cinema - 2

"A relação entre o cinema e o mundo é de tradução"
(STAM)

O 15º capítulo do livro de Stam é dedicado à linguagem cinematográfica e nele o autor traz reflexões sobre a semiótica como uma ciência que passou a fazer parte dos estudos de cinema durante os anos 60-70.

A questão sobre o estatuto do cinema e a conceituação desta linguagem permaneceram ao longo do século XX e ampliaram as indagações sobre a relação entre a linguagem cinematográfica e a linguística, levando a Stam a dedicar-se aos estudos de Metz, um teórico que entrava nos estudos de cinema já com um dispositivo teórico da linguística. Aliás, sobre isso vale a pena destacar que em estudos de cinema muitas análises fílmicas são formuladas com base em teorias vindas de outras áreas do conhecimento.

Stam destaca nos estudos de Metz a sua visão ampla de cinema que envolve uma referência tridimensional: a pré-filmagem (ex.: star system, produçao, roteiro), a pós-filmagem (distribuição, exibição, recepção) e o a-fílmico (localização das salas de exibição, estrutura das salas, o rito que antecede a entrada no cinema, etc).

Neste sentido, reforço a minha ideia de que estudar cinema não significa apenas analisar filmes. Se pensarmos na linguagem de forma ampla, como expressão das práticas sociais e parte constitutiva dessas práticas, entendemos a razão de considerarmos toda a movimentação significativa (ritos) que antecede a leitura do filme, assim como o que viabiliza essa experiência de leitura. Educar pelo cinema corresponde interpretar os gestos necessários para tornar o filme acessível aos espectadores.

Embora Metz trace um paralelo entre a linguagem cinematográfica e a linguistica, ele reconhece que a língua vernacular é natural, isto é, aprendida à medida que se interage com ela, já a linguagem cinematográfica requer um conhecimento prévio da técnica, do conhecimento dos planos, ângulos, do acesso a uma máquina de filmagem, enfim, ela é aprendida como segunda língua, de forma artificial paralela ao vernáculo.

As limitações da análise estruturalista metziana (como outra qualquer) referem-se aos elementos que ficam de fora do processo de sigificação e que são, a meu ver, elucidativos para explicar uma série de questões que foram levadas em consideração no momento da produção do texto. Relegar este elemento contextual retira do plano da significação uma parte constitutiva do próprio texto fílmico, uma vez que nele se encontram os aspectos históricos, sócioculturais, políticos, estéticos e econômicos que influenciaram a seleção dos planos, ângulos e movimentação de câmera, assim como da iluminação, trilha sonora, momento de corte na edição, orientando a própria construção do filme, pois todos esses gestos são realizados por sujeitos históricos.

Apontamentos de Cinema -1

Robert Stam em seu livro Introdução à Teoria do Cinema faz um levantamento das principais teorias que foram se desenvolvendo desde que o cinema foi visto para além de uma máquina de filmar, mas como discurso para as massas. No capítulo 6 do referido livro, Stam trata do "formalismo russo e a escola de Bakhtin". O formalismo, com quem Eisenstein dialogou muito bem a partir da visão cinema-montagem, gerou discussões sobre o cinema enquanto estética, estrutura, convenção e como experiência formal. Para os formalistas, o importante era analisar, explicar a forma de dizer do cinema com base na organização interna de suas estruturas. Neste meio de profundo debate, aprofunda-se as concepções do cinema ora como cinema-prosa, como Eikhenbaum preferia ora cinema-poesia, como pensava Tinianov. Os teóricos do formalismo, portanto, tinham o cimema como uma arte que funcionava "independente da trama" (STAM, 2003, 67).

É importante destacar a diferença que Stam apresenta entre os formalistas e os semióticos. Aqueles estavam mais próximos ao que poderíamos chamar de uma cine-arte, da estética, da poética. Já os semióticos, estavam atrelados à linguística e pensavam em transferir para os estudos de cinema os estudos linguísticos, tentando identificar no texto fílmico o mesmo que se via no texto linguístico: a palavra, a frase, a oração, o sintagma. Deste modo, por meio de contraste, coincidência e comparação se estudaria o texto fílmico, assim como se fazia com o linguístico. É o que Christian Metz irá fazer.

Contrapondo-se ao formalismo, embora dentro do coração do formalismo, a Rússia do século XX, Mikhail Bakhtin faz uma crítica aos formalistas e parte para uma concepção dialética por meio da qual a linguagem geraria no plano da recepção reflexos e refratações, anunciando, deste modo, a importância dos estudos da recepção hoje tão em voga. Para Bakhtin, a historicidade é importante tanto do ponto de vista contextual, isto é, considerando as condições históricas da produção do discurso, quanto dentro do texto, constitutiva, ou seja na relação entre as combinações de textos (memória) citados dentro de um texto, o que ele chama de dialogismo e que Kristeva cunhará de intertextualidade. Apesar do aparente caráter a-histórico da referência a um texto, deslocado de sua formulação anterior, a sua citação, formulação, já é uma ativação da memória de um texto lido em um outro tempo e lugar.

Alguns aspectos da visão Bakhtiniana são importantes na relação cinema e educação porque podemos perceber a inevitável direção a ser dada nos estudos das linguagens, entendendo o cinema como um poderoso artefato fabricante de linguagens que são historicamente reorganizados dentro de uma estrutura ecomômica e de consumo. Basta vermos a mudança radical geográfica, física dos cinemas em Salvador que saíram dos "cinemas de rua" para os de Shoppings, mostrando a estreita relação entre o cinema e o consumo. Poucos permanecem fora dos Centros de Compra e são chamados de cinemas de arte.

Esta mudança foi desoladora para aqueles acostumados a assistirem filmes nas grandes salas, a exemplo do Bristol, do Bahia, o Guarani, e as mudanças dos espaços foram justificados na época por motivos de segurança. No entanto, sabemos que este deslocamento deveu-se a mais uma manobra de sobrevivência dos cinemas, transformando-o claramente em consumo. As pessoas consomem cinema como consomem um saco de batatas fritas do McDonald's ou Bob's.

É importante, ao pensarmos na díade cinema e educação, percebermos a estrutura na qual o cinema se movimenta porque elas estão entrelaçadas: forma e conteúdo, dialeticamente. Assim, estudar cinema e a educação pelo cinema, seja na forma escolarizada ou não, deve-se abarcar a história do cinema europeu, norte-americano, latino-americano e baiano, assim como a cotidianidade vivida por aqueles que vão ao cinema e fazem dele uma parte de sua realidade.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

1ª Mostra Social de Documentários.

Recebi esta mensagem pelo e-mail e repasso aqui para vocês:
Olá, gostaria de divulgar a 1ª Mostra Social de Documentários. Os vídeos documentários foram produzidos pelos alunos da Faculdade Social pela matéria de Telejornalismo ou fruto de Trabalhos de Conclusão de Curso. Se realizará nos dias 8 (das 8h e 30 até 12 h), 9 e 10 (18h e 30 até 22 h) de novembro no Auditório do colégio Isba em ondina. Além da reprodução dos docs, o evento também contará com bate-papo com os realizadores e palestras de abertura e encerramento com os cineastas Danilo Scaldaferri e Amaranta Cesar. Para maiores informações visitem o blog http://www.mostrasocialdedocs.blogspot.com/. Sigam-nos no TWITER @MostraSocial e no FACEBOOK http://www.facebook.com/pages/Mostra-Social-de-Document%C3%A1rios/172307249518070?sk=info.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

OLHARES DA II JORNADA PEDAGÓGICA

A II Jornada Pedagógica do DEDC, Campus I, começou ontem com muita energia. A comissão organizadora estruturou muito bem o evento que, por sinal, pela especializaação das tarefas tão bem delimitadas e cumpridas ganhou contornos de evento nacional. Além das oficinas, muito bem participadas, ouvimos a conferência minsitrada pelo prof. Dr. Pedro Demo, da Universidade de Brasília, que nos falou da educação contemporânea, da relação professor-aluno, das competências do professor frente às novas tecnologias, do currículo, de política educacional, do Ensino à Distância, enfim tópicos da educação que está na pauta de muitas discussões acadêmicas.

Neste evento, propus uma oficina sobre Cinema e Educação face à necessidade de discutirmos sobre a relação entre cinema e escola, cinema na escola como análise fílmica e produção fílmica, linguagem cinematográfica, entre outros aspectos específicos desse diálogo que se pretende interdisciplinar.

Como produto da oficina, os cursistas elaboraram um painel com as atividades sobre planificação e angulação. Eles procuraram em revistas antigas fotos e as classificaram quanto ao ângulo e plano. Em breve, postaremos alguns registros fotográficos desse encontro.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Cinema e formação de público

A chamada da Rede UCI Orient para assegurar a bilheteria do filme Amanhacer - Parte I, da Saga Crepúsculo, envolve uma estratégia de marketing  que começa pela oferta de venda antecipada dos ingressos para a primeira semana de exibição. O filme será lançado no dia 19 de novembro, mas a construção da expectativa também faz parte dos negócios.

Além de vender ingressos antecipados, a rede UCI Orient também busca cativra o público com uma noite de estréia, no dia 18, à meia-noite e um minuto (na verdade dia 19). Além dessas estartégias, a rede irá distribuir pôsteres do ator Taylor Lautner autografado, mas com quantidade limitada. São três estratégias bem definidas com o propósito de que o espectador se sinta privilegiado: a da venda antecipada, a da noite de estréia em sessão especial supostamente antes da data oficial (mas não é, já que o "um minuto" já coloca a pré-estréia no dia oficial do lançamento, impedindo maiores desgastes com as concorrentes) e a oferta limitada do pôster autografado por um dos atores, tentando motivar o espectador a ir rapidamente ao cinema.

Embora vise a massificação, o discurso hegemônico escamoteia esse traço ideológico do discurso e lança  mão, paradoxalmente, do contrário, o da individuação.  

domingo, 2 de outubro de 2011

OFICINA CINEMA E EDUCAÇÃO

Durante a II Jornada Pedagógica, organizada pelo Departamento de Educação, Campus I, Salvador, estarei minsitrando a oficina Cinema e Educação. Neste momento, estarei exibindo, como momento inaugural da oficina, um vídeo com alguns registros do I Curso Cinema e Mulher.

sábado, 1 de outubro de 2011

2º Festival de Cinema Universitário da Bahia

Entre os dias 15 e 18 de março, Salvador se transforma na capital do cinema universitário brasileiro. Isso porque começa o 2º Festival de Cinema Universitário da Bahia. Esse ano o festival vai dar mais de 14 mil reais em prêmios. Para participar, acesse o site www.unijorge.edu.br/festivaluniversitario e faça sua inscrição até o dia 07 de novembro. 

INTERCULTE - UNIJORGE

VI ENCONTRO INTERDISCIPLINAR DE CULTURA, TECNOLOGIAS E EDUCAÇÃOAgenda Brasileira: Questões Contemporâneas
CENTRO UNIVERSITÁRIO JORGE AMADO
18, 19 e 20 de outubro de 2011


ENVIE TRABALHO PARA APRESENTAÇÃO E PUBLICAÇÃO:
As inscrições só poderão ser feitas através do site http://www.unijorge.edu.br/ . Após o preenchimento do formulário de inscrição será gerado boleto bancário, que terá um prazo limitado para quitação. Sendo assim, emita o boleto apenas quando for realizar o pagamento. Acesse o link abaixo e preencha os dados solicitados. As inscrições para os minicursos podem ser realizadas on-line e estão condicionadas ao número de vagas disponíveis.
Serão aceitos resumos e papers enviados para o e-mail interculte@unijorge.edu.br até 05/10/2011, de acordo com a tipologia e formatação descritas no edital.


Valores:
Minicurso - R$ 10,00
• Alunos da UNIJORGE como ouvinte- R$ 20,00
• Aluno da UNIJORGE com apresentação de trabalho - R$ 25,00
• Profissionais e alunos de outras Instituições como ouvintes - R$ 35,00
• Profissionais e alunos de outras Instituições com apresentação de trabalho - R$ 40,00
• Professores da UNIJORGE - isentos de pagamento.


Os trabalhos para publicação nos anais poderão ser encaminhados na forma de resumo ou paper, conforme especificado a seguir.


O resumo deverá ter um mínimo de 200 e um máximo de 500 palavras. Devem ser redigidos em português, com até 01 página. Não poderá conter referências bibliográficas, gráficos, tabelas ou imagens. O arquivo deverá ser encaminhado em formato Word.

Título - fonte Arial, 12, negrito. Três palavras-chaves. A identificação do(s) autor(es) deverá iniciar pelo primeiro nome, seguido dos sobrenomes, sem abreviaturas, tendo somente a primeira letra de cada nome em maiúsculo; para cada autor deverá ser indicado o nome da Instituição, Departamento, Cidade, Estado e País.

Corpo - fonte Arial, 11, espaço entre linhas 1.5, respeitando o número máximo de palavras e páginas especificado. No rodapé da página indicar o nome das instituições financiadoras, quando for o caso.


PAPER Clique aqui para ver o modelo
O paper deverá ter no mínimo 2.500 e no máximo de 4.000 palavras. O número máximo deverá ser de dez páginas, incluindo os gráficos, tabelas, imagens PB. Deverá ser encaminhado em formato Word. O paper que não seguir as regras descritas neste item serão eliminados automaticamente.

A apresentação do paper com o número máximo de dez páginas deverá ser formatado de acordo com as regras descritas a seguir:

Título - fonte Arial, 12, negrito. Três palavras-chaves. A identificação do(s) autor(es) deverá iniciar pelo primeiro nome, seguido dos sobrenomes, sem abreviaturas, tendo somente a primeira letra de cada nome em maiúsculo; para cada autor deverá ser indicado o nome da Instituição, Departamento, Cidade, Estado e País.

Referências bibliográficas - fonte Arial, 10 - conforme indicações nas normas da ABNT.
A fim de criar um espaço de convergência e discussão de questões de variadas áreas do saber, o Centro Universitário Jorge Amado realiza evento voltado prioritariamente à participação de alunos, professores e pesquisadores de diferentes áreas e instituições. Trata-se do VI Encontro Interdisciplinar de Cultura, Tecnologias e Educação - INTERCULTE, de 18 a 20 de outubro de 2011 em Salvador - Campus Paralela.

Fonte: http://www.unijorge.edu.br/noticia_exibir.asp?cod=732

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

PROGRAMAÇÃO FEMININO PLURAL - ESPAÇO UNIBANCO

FORTALEZA – 15/09 – 22/09
SALVADOR -  22/09 – 29/09
JOÃO PESSOA – 29/09 – 06/10

Sempre às 19h

22/09 – Abertura

“L”  - 35mm
Dir. Thaís Fujinaga / SP / 21’ / COR / 35MM / 2011
Teté tem 11 anos e odeia os seus pés. Há algum tempo, desenvolveu o hábito de usar sapatos muito menores. Quando conhece Héctor, um simpático descendente de chineses, ela passa a ver seu complexo sob um novo ângulo.

” O mundo de Raul”  - digital
Dir. Jessica Rodriguez Sanchez e Horizoe Garcia / CUBA / 22’ / COR / VÍDEO / 2010
Raúl mora numa cidade pequena. É um trabalhador exemplar, bom filho e bom vizinho. Parece encarnar perfeitamente o modelo de Homem Novo criado pela Revolução Cubana. Mas ele oculta um segredo.

“Museu dos corações partidos” -digital
Dir. Inês Cardoso / SP / 15’ / COR / VÍDEO/ 2010
Todo o rompimento amoroso implica numa sensação de perda da própria consciência de si. O Museu dos Corações Partidos coleta depoimentos anônimos via Skype, como matéria poética para esta cartografia amorosa.


“A Feira – Patrimônio Imaterial
Dir. Fabíola Aquino Coelho / BA / 5’/ DOC / COR/ VÍDEO / 2011
O documentário conta os problemas vividos pelos feirantes na antiga feira de Água de Meninos, na década de 60, e como hoje em 2011 essa realidade se repete para os 3 mil comerciantes da Feira de São Joaquim, maior mercado ao ar livre do Brasil.


23/09 – PGM 3

Dez Elefantes – 35mm
Dir. Eva Randolph
RJ / 14’ / COR / 35MM / 2008
Clara tme 8 anos e mora com a mãe e o irmão no campo. As crianças brincam de pique-esconde. Clara está escondida no galinheiro.

Espalahadas pelo ar  -35mm
Dir. Vera Egito
SP/ 15’ / COR / 35MM / 2007
Na escada de serviço de um edifício, meninas fumam escondido. Para eitar que o cheiro as denuncie, tirma as roupas. Desse encontro, pode surgir a liberdade.

Pedra Bruta – 35mm
Dir. Julia Zakia
SP /  8’ / COR / 35MM / 2009
Há lugares em que a arte tem de se tornar uma forma de combater a guerra.

Handebol – 35mm
Dir. Anita Rocha da Silveira
RJ/ 19’ / COR /35MM / 2010
Bia é uma garota como tantas outras: gosta e rock, handebol e sangue.


Carreto – 35mm
 Dir. Marília Hughes e Cláudio Marques
BA / 12’ / COR / 35MM / 2009
Tinho presta serviços com seu inseparável carrinho de mão. Um dia, conhece Stephanie. Para retribuir um presente dela, imagina um plano.


Um ramo -35mm
Dir. Juliana Rojas e Marco Dutra
SP / 15’ / COR/ 35MM / 2007
Clarisse descobre uma folha crescendo em seu braço.

24/09 – PGM FALE SEM MEDO – programa inteiro timeline

O filme de Jacco -
Dir. Daan Bakker / Holanda / 17’ / COR / VÍDEO  / 2009
E ação! Jacco é diretor, locutor e editor de seus filmes. Se mamãe e papai começarem a discutir de novo, ele rebobina o filme e acrescenta uma nova trilha sonora.

Luchadoras
Dir. Benet Román / México / Espanha / 13’ / COR / 35MM / 2009
Filmado na Cidade do México e no estado de Zacatecas, o filme relata as cirscunstãncias, dificuldades, desafios e preocupações que as mulheres mexicanas enfrentam hoje: pobreza, fome, machismo, migrações, desigualdade social e violênia.

Homem Furioso
Dir. Anita Killi / Noruega / 20’ / COR / 35MM / 2009
Há segredos que não deveriam ser segredos. Quando a mamãe-peixe morre, Boj está farto e encontra força em sua própria fantasia para ir além.

A noivinha
Dir. Leslaw Dobrucki – Polônia / 14’ / COR / VÍDEO / 2010
Uma garota turca é enviada à Alemanha e forçada a se casar aos 13 anos. Logo depois, seu inferno começa. Ela é espancada e abusada de várias formas. Depois de vários anos, ela consegue fugir e se esconde até agora. Só por isso ela é capaz de nos contar a história de sua vida.

Espere por mim
Dir. Daniel Galo / México / 5’ / COR / VÍDEO / 2010
Para enfrentar a dureza da vida, Agustina se vale do amor que compartilha com o neto.

A ordem das coisas
Dir. César Esteban Alenda e José Esteban Alenda / Espanha / 19’ / COR / VÍDEO / 2010
A vida de Julia acontece na banheira. Gota a gota, ela vai reunir coragem para mudar a ordem das coisas.



25/09 – PGM 2

Joyce  - 35mm
Dir. Caroline Leone / SP / 14’/COR / 35MM / 2006
Joyce sonha com o amor, a felicidade e em ser dançarina na TV. Ao encontrar o rapaz por quem está apaixonada, decide entregar sua carta de amor.


Teresa – 35mm
Dir. Paula Szutan e Renata Terra Cunha / SP / 18’/COR / 35MM /2009
Teresa vem a São Paulo para realizar o sonho do casamento. Mas é obrigada a mudar de planos quando se vê diante de uma realidade bem menos romântica.


Sexo e Claustro - digital
Dir. Cláudia Priscilla / SP / 13’/ COR / 35MM / 2005
Documentário feito na Cidade do México, sobre uma singular personagem e seus sentimentos a respeito de sexo e religião.


Sistema Interno - digital
Dir. Carolina Durão / SP/ 17’/ COR / VÍDEO / 2007
De vez em quando todos os olhos se voltam pra mim...

Estação - digital
Dir. Marcia Faria / SP / 15’/ COR / VÍDEO / 2010
Inês sonha ser atriz e vai para São Paulo ser figurante de uma novela. Mas, sem lugar para ficar, acaba morando alguns dias no Terminal Rodoviário do Tiête.

Sweet Karolyne - digital
Dir. Ana Bárbara Ramos / PB / 15’/ COR / VÍDEO/ 2009
Nem Elvis nem Jarbas. É tudo uma grande invenção.



26/09 – PGM 1

Olhos de Ressaca – 35mm
Dir. Petra Costa / SP / 20’/ COR / 35MM / 2009
Vera e Gabriel, casados há 60 anos, divagam sobre a própria história e, em seu rememorar, imagens de arquivo familiar se confundem com imagens do presente.


Visita Íntima – 35mm
Dir. Joana Nin / SC / 15’ / COR / 35MM / 2005
Amor em condições especiais: mulheres livres que dedicam a vida a homens presos. Muitas delas conheceram o marido na cadeia.


O menino e o bumba - digital
Dir. Patricia Cornils / SP / 13’/ COR /35MM / 2007
Paulo César é louco por ônibus desde os 9 anos. Essa obsessão determinou os rumos de sua vida.

O nome dele ( O Clóvis) – 35mm
Dir. Felipe Bragança e Marina Meliande /RJ / 15’ / COR / 35MM / 2004
Se conheceram no verão, debaixo de chuva. Um filme de Carnaval e silêncio.


Duelo antes da noite – 35mm
Dir. Alice Furtado / RJ /20’/ COR / 35MM / 2010


27/09 – PGM 4

Rio de Mulheres – 35mm
 Dir. Joana Oliveira e Cristina Maure  / MG /  20’ / COR / 35MM / 2009
Em um ambiente muito árido, onde a água é escassa, mulheres vivem suas vidas em meio a crianças e outras mulheres.


Menino Aranha - digital
Dir. Mariana Lacerda / SP / 13’ / cor / 35mm / 2008
Menino –aranha: uma real lenda urbanda contada na Recife do final da década de 1990.

Trecho – 35mm
Dir. Clarissa Campolina e Helvécio Marins Jr. / MG /  16’ / COR / 35MM / 2006
Diário de caminhada de Libério de Belo Horizonte a Recife. Lembranças e questionamentos do personagem se mostram transformados pelo passar do tempo, pela paisagem e pela própria experiência do filme.


Se meu pai fosse de pedra - digital
Dir. Maria Camargo /RJ / 19’/ COR / VÍDEO / 2009
O escultor Sergio Camargo morreu há 19 anos. Se os ossos que restaram na sepultura são seus restos mortais, seriam as esculturas seus “restos vitais”? O que é transitório e o que é duradouro? A filha do artista confronta o artista e o homem.

Geral – 35mm
Dir; Anna Azevedo / RJ / 15’ / COR / 35MM / 2010
O palco é a geral do estádio do Maracnã. Em cena, os torcedos conhecidos como geraldinos num espetáculo de êxtase, fúria, alegria e dor.



28/09 – PGM 5

As coisas que moram nas coisas – 35mm
Dir. Bel Bechara e Sandro Serpa / SP / 14’ / COR/35MM / 2006
Enquanto acompanham seus pais, que trabalham como catadores de lixo, tr~es crianças atribuem novos significados aos objetos descartados pela cidade.

Cocais, a cidade reinventada – 35mm
Dir. Inês Cardoso / SP / 15’ / COR / 35MM / 2008
A história da cidade que se reinventou através de um filme, ou a história de um filme que foi inventado por uma cidade.

Instantâneos – x??
Dir. Andrea Capella e Peter Lucas / RJ /15’/ 35MM / 2009
O retrato de uma noite do último fotógrafo de bares da Lapa.

Solitário Anônimo - digital
Dir. Debora Diniz / GO /18’/ COR/ VÍDEO / 2007
Um idoso deitado na grama à espera da morte. No bolso, um bilhete anunciava ser de terras distantes. Seu desejo era morrer solitário e anônimo.


Muito Além do Chuveiro - digital
Dir. Poliana Paiva / RJ / 17’ / COR/ VÍDEO / 2008
A febre do karaokê: pessoas soltam os demônios na noite do Rio de Janeiro. Histórias de catarse, alegria e amizade.


29/09 – SESSÃO ENCERRAMENTO

“UMA PRIMAVERA” de Gabriela Amaral Almeira – SP – 15 min.

“CÃO” de Íris Junges – SP 19 min.

“PRAÇA WALT DISNEY”  de Sergio Oliveira e Renata Pinheiro – PE – 21 min.

“CORES E BOTAS” – de Juliana Vicente – SP – 15 min.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

TCCEX - PENDÊNCIAS

A certificação do curso de extensão Cinema e Mulher está condicionado ao TCCEX. Quem não entregou tem a oportunidade de enviá-lo por e-mail para ltleiro@gmail.com tendo como assunto TCCEX, até o dia 26/09 (segunda-feira).

domingo, 11 de setembro de 2011

ENCERRAMENTO DO CURSO DE EXTENSÃO CINEMA E MULHER

Registro fotográfico do último dia do curso Cinema e Mulher, sábado, dia 10, no Departamento de Educação da UNEB. Veja no link abaixo:


O II Curso será em outubro, no dia 22. Confirmaremos previamente.

domingo, 4 de setembro de 2011

DOUTORADO - AVALIAÇÃO

O texto sobre os filmes poderá retornar para vocês após a minha leitura.  Cada um terá a oportunidade de rever e alterar o seu texto, se assim achar que deve. Em geral, questiono  afirmações (propondo uma reflexão dialética), aponto problemas de coesão e de gramática, sugiro inclusão de referências contextuais e conceituais, verifico as articulações entre o texto e as citações.     

terça-feira, 30 de agosto de 2011

CITAÇÃO DE CALLIE KHOURI - ROTEIRISTA DE THELMA & LOUISE

"I think that this issue is one that doesn't really belong in the hand of government. It belongs in the hands of women and their physicians...I mean, to me, Thelma and Louise was not just a movie about two women on a crime spree, and it wasn't just a movie about liberation, it was a movie about a very tenuous relationship we have with a normal life. And I think that we are experiencing that right now. And I wanted to write an outlaw movie because our government is about to turn a lot of women into outlaws. And they are going to turn a lot of doctors into outlaws. And so the analogy is not that far off, because you know, you narrow people's options, you force people who are otherwise God-fearing, law abiding people to do things that in normal circumstances they wouldn't do."
—Callie Khouri
(Oscar-winning screenwriter of Thelma and Louise)

“Eu acho que esta questão é uma daquelas que realmente não pertence ao governo. Ela deve estar nas mãos das mulheres e de seus médicos... quero dizer, para mim, o filme Thelma e Louise não era apenas sobre duas mulheres em uma onda de crimes, e não era apenas um filme sobre libertação, era um filme sobre uma relação muito tênue com uma vida normal e eu acho que estamos vivenciando isso agora. E eu queria escrever um filme fora da lei, porque o nosso governo está prestes a transformar as nossas mulheres em um monte de bandidos. E elas vão transformar muitos médicos em bandidos. E, assim, a analogia não é tão distante, porque você sabe, você estreita as opções das pessoas, você força de outra forma as pessoas que são tementes a Deus, a lei forçando as pessoas a fazerem coisas que em circunstâncias normais não fariam”. (tradução de Lúcia Leiro com a ajuda do tradutor do google)


Quando o filme Thelma & Louise foi lançado, o presidente dos EUA era George H. W. Bush (o pai) que esteve na Casa Branca entre os anos de 1989 à 1993. O filme é de 1991. Vale lembrar que durante o governo de Bush, houve uma "guerra" contra os anticoncepcionais , assim como a divulgação da prática de abstinência sexual. Além disso, Bush também empreendeu uma cruzada a favor da virgindade.


domingo, 28 de agosto de 2011

DOUTORADO-TEXTO ELABORADO PARA O CURSO


Construção do conhecimento:
UM ESTUDO DISCURSIVO SOBRE GÊNERO, MULHER E CINEMA
Lúcia Leiro
UNEB

            A ideia de construção está relacionada à de formação, de artificialidade, de engenhosidade, mas, também, à de processo, e quando nos referimos ao conhecimento, se estiver ancorado do discurso da ciência, a sua construção é resultado das ações e escolhas feitas por um sujeito histórico, de um lugar discursivo, cujo olhar recorta o objeto de estudo que, com base em um arcabouço teórico-metodológico, interpretará por meio da linguagem as suas conclusões divulgadas para os seus pares. Estes, por sua vez, produzirão sentidos com base na articulação entre o que está sendo dito ou lido e no que a sua memória acionar no momento da leitura.  Deste modo, construir conhecimentos reflete dialeticamente subjetividades no processo de significação, daí esses lugares estarem em constantes disputas ideológicas. 
            Ao se falar em construção do conhecimento científico, torna-se inevitável pensar no lugar da formação discursiva acadêmica que reveste de autoridade o sujeito que enuncia e combina sentidos, alicerçados por um dispositivo teórico que engendra um discurso legítimo (ou legitimado) a ser chamado de conhecimento, recoberto ainda de um verniz de “verdade”.  Esta verdade seria irrefutável, até que outra a desafiasse, mas dentro dos mesmos referenciais aceitos pelos membros de um domínio discursivo. Um mito não gozaria do mesmo status e, por isso, não poderia servir de explicação da realidade, dir-nos-ia a ciência, por mais imaginativo que fosse o discurso científico, e por mais coerente que fosse o discurso mítico.
            Porém, o conhecimento, longe de ser o resultado de uma formulação de verdades absolutas, como a modernidade sustentava, ele se constitui como corpo discursivo cujo propósito consiste em questionar, mostrar, explicar e compartilhar respostas a um problema inicialmente proposto, sendo que este problema parte da delimitação de um objeto já ideologicamente instituído como texto significado (ou a ser significado) nas práticas sociais e discursivas. O conhecimento é assim gerado para sujeitos e nos sujeitos, na medida em que é no processo de leitura que significação é processada, que o conhecimento se forma, mas sem perder de vista que este “objeto” já está revestido de subjetividade, de valores, de ideias. O conhecimento é, por assim dizer, um constructo, uma invenção, que sustenta interesses, apontando para outro aspecto da construção do conhecimento: o poder.
            A concepção de uma construção interessada do conhecimento sinaliza para a complexidade dos procedimentos interpretativos do objeto (incluindo a própria ideia de objetificação), fazendo com que os analistas do discurso desloquem o olhar e passem a se interessar não apenas pelas formas de dominação, mas, sobretudo, pelas formas de resistência, de negociação, tendo o discurso como elemento imprescindível no processo de análise, já que constitutivo da interação entre os sujeitos. Em razão das relações de força, os sujeitos estão em constante disputa, o que os leva a manipularem a linguagem, inscrevendo e rasurando no processo de troca, de interação, de interpretação e de negociação, as suas posições. Estas disputas muitas vezes produzem ambiguidades que merecem atenção dos analistas do discurso porque expõem, deixam tocar na superfície a voz do outro.
            A ambiguidade, este espaço incômodo, representa o lugar das tensões ideológicas. Por exemplo, no século XIX a mulher burguesa passa a ter um status social que até então não tinha, só possível diante de uma nova realidade ideologicamente instituída (revolução burguesa) que legitimou os estudos (ciência) a serem desenvolvidos sobre o seu corpo biológico e social (objeto) para que se cumprisse o projeto burguês. No entanto, durante dois séculos as mulheres responderam a esse projeto de diferentes maneiras, mostrando diferentes interesses em jogo, ora ajustando-se (mas não sem tensão) ao sistema ora questionando-o.  
            Um dos elementos fundamentais neste processo de construção de conhecimento é a própria linguagem, enquanto meio pelo qual os sujeitos se expressam, materializam conceitos, impressões, visões de mundo, na busca de explicar, dar sentido, indagar, bem como inventar a realidade. O conhecimento, assim, torna-se uma experiência discursiva no plano conversacional, artístico, científico ou midiático, entre o sujeito e a realidade.
            Uma das formas de construir conhecimentos consiste em analisar os discursos materializados nas práticas sociais, incluindo a prática acadêmica. Interessar-se, assim, não apenas pelos princípios que norteiam a ciência e os procedimentos explicativos e metodológicos sobre um problema, mas também investigar como os problemas são mediados pelos textos que circulam na sociedade, audiovisuais e impressos, que estão em contato direto com os sujeitos (música, filme, programas de televisão, artigos de revista e jornal, sites, blogs). Significa dizer também que existe uma articulação entre o sujeito, o objeto e o tratamento a ser dado ao objeto com o dispositivo teórico-metodológico a ser usado. Em outras palavras: pouco adianta uma visão contestadora, arrojada, pioneira se a explicação for embasada em teorias e métodos inadequados. Sendo assim, interessar-se pela prática acadêmica quer dizer analisar, investigar, examinar minuciosamente as formulações dos problemas, as escolhas teóricas e temáticas, a metodologia de estudos, os pontos de vista, os argumentos, entre outros elementos importantes para se pensar metalinguisticamente a construção do conhecimento. Também inclui rever os discursos da ciência e seus postulados que lastrearam a sua legitimidade no ocidente com base na verdade absoluta, na racionalidade, na universalidade, na neutralidade, no logocentrismo, na disjunção entre sujeito e objeto, que deram base ao pensamento ocidental. Uma das críticas feitas à modernidade consiste em mostrar as limitações deste modelo paradigmático, revelando-o falaciosamente neutro e tendenciosamente androcêntrico, etnocêntrico, heteronormativo, classista, na medida em que, em nome da universalidade e da já referida neutralidade, silenciavam-se outras expressões, outras formas de construir conhecimentos, de explicar as experiências humanas.
            Já em relação às mediações, o interesse desloca-se para a linguagem como objeto no processo da construção do conhecimento. Consiste em apropriar-se da linguagem como meio de significação oral ou escrita, visual, audiovisual ou impressa (processo interpretativo) com as suas formas de dizer (discurso), bem como os lugares de produção desse conhecimento que nem sempre se dá nos espaços formais de aprendizagem, como a escola e a universidade, mas em outros domínios.
            No intuito de articular as ideias aqui explicitadas, é que proponho uma reflexão nesta disciplina sobre:

  • O lugar do sujeito-crítico como espaço político na construção do olhar sobre o conhecimento;
  • O cinema como lugar de discursos;
  • Os sujeitos que produzem os discursos (as mulheres);
  • Os temas e de que forma estão sendo tratados pelas mulheres;

sábado, 27 de agosto de 2011

ORIENTAÇÕES - DOUTORADO

Para a próxima quarta-feira, é importante que focalizem os principais aspectos conceituais com base nos textos de Ingedore Koch e de Norman Fairclough.Tentem articular com as sequências fílmicas que assistimos.
Conceitos como os de discurso, concepção tridimensional do discurso (texto, prática discursiva, prática social), intertextualidade, intertextualidade implícita e explícita, são fundamentais.

 
Façam destaques no texto para facilitar a exposição e o diálogo.

 
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Sobre as sequências fílmicas


Lugar da produção: Da composição da sequência.

  1. Quem produziu?
  2. O material foi elaborado especificamente para a aula? Se não, qual o  propósito inicial?
  3. Qual a formação político-ideológica do autor do material/professor [explícita ou implícita]?
  4. Qual o perfil dos filmes?
  5. Que personagens participam das cenas?
  6. Qual a relação entre eles? Simétrica ou assimétrica? Como isso é mostrado nas cenas?
  7. Que ideologia atravessa as cenas? Quais as formações discursivas presentes na interação entre os sujeitos? Como os poderes são representados? Existem marcas de gênero em relação aos conflitos de gênero? Explicite.

Lugar do texto: Da composição textual

  1. Quem narra o texto?
  2. Qual o ponto de vista?
  3. Qual a constituição lexical dos diálogos, a entonação de voz, os modos verbais (Ex.: imperativo/comando), a relação entre o que se diz e o desempenho do ator com o ajuste de câmera, o que é dito no silêncio (interdito)?
Lugar da recepção: Da interpretação das sequências

  1. O que motivou os alunos a assistirem a sequência?
  2. Qual o conhecimento dos alunos sobre os filmes?
  3. Qual a cultura de cinema dos alunos?
  4. Como o grupo reagiu às cenas projetadas?
  5. Como os alunos responderam às sequências fílmicas? Quais as principais questões suscitadas? 

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

DOUTORADO - SEQUÊNCIA FÍLMICA

Retomando a discussão da aula de ontem, gostaria de destacar que nas 4 sequências fílmicas o discurso do homem-protetor/mulher-protegida é reforçado não apenas pelos perigos enfrentados por elas, reclamando a presença masculina, mas pelo fato também de não poderem sozinhas se protegerem. Na primeira sequência, do filme O Quarteto Fantástico, a mulher invisível (aliás um aspecto que já nos chama a atenção) não consegue armar o detonador e por esta razão tornou-se vulverável ao perigo (vejam que eles estão em um ambiente natural, verdejante, semelhante a uma floresta, por sinal um lugar-comum nas narrativas ocidentais quando se quer reforçar a relação mulher-perigo). O surfista prateado aparece no momento em que ela tenta se proteger através de um campo de força que não funciona, permitindo que o Outro (representado como homem e agressor) "invada" o seu espaço de proteção. A cena é violenta (causa medo) porque ele se inclina para a frente e em contraplongée (câmera em posição de baixo para cima), como se fosse a visão dela, o rosto dele transpõe a defesa da personagem. Depois de ameaçada, ela tenta sobreviver e estrategicamente se põe a conversar com o agressor que, sensível a sua candura e empatia, resolve defendê-la dos outros homens (cientista/empresário/mutante e militares). A ideia de proteção faz parte das relações de gênero (e de outras relações de poder) porque pauta-se na ideologia de dependência, no caso do filme, das mulheres em relação aos homens. Os papéis sociais são definidos na relação, mas para além da definição apenas dos papéis, é atribuído a um deles poder, aquele que teria força, conhecimento, acesso, ou algum dispositivo sobrenatural (como é o caso) que impedisse o outro de ser agredido, aquele que precisaria constantemente de proteção, neste caso a mulher. Então, podemos ainda inferir que a situação de perigo, de ameaça, de medo, é fundamental para o constructo de gênero, podendo ser representado como base no interesse do discurso hegemônico ou rasurando este discurso, caso a mulher, por exemplo, conseguisse sobreviver sem reivindicar a presença do homem.

Já na sequência 2, A Batalha de Riddick, embora a personagem-mulher inicie uma ação de autodefesa, logo este intuito é malogrado, porque ela não deveria sozinha se defender de 4 homens (coisa que Rambo faria tranquilamente), deixando para o herói, Riddick, a função de salvá-la dos bandidos. Neste caso, a representação do herói como o homem, já coloca a mulher em posição coadjuvante, pois cabe a ele a escolha equivocada (a desmedia), a peripécia (os percalços pela escolha equivocada) e o retorno do equilíbrio, elementos da poética clássica. Assim, a cena não poderia favorecer a autodefesa, o que significaria poder, cabendo ao heroi,  entidade dotada de méritos e qualidades, valores morais, a ação de resgate, reforçando o argumento anterior verificado na sequência 1. Na cena analisada, a personagem-mulher aparece com voz desafiadora, mas é logo neutralizada pelo homem:

"- Morte por caneca. Como eu não pensei nisso antes?"
"- Eu não vim aqui para brincar de quem mata melhor".

No enunciado dele, a neutralização do empoderamento da mulher se dá por meio do discurso da infantilização da mulher através da palavra brincar que é associado a fase infantil e que no contexto é usada de forma desqualificadora, com o propósito de bloquear a resistência dela, já que tenta se igualar a ele ao ironicamente refreir-se à forma dele a "defender". Novamente, o discurso da proteção aparece como forma de constituição dos gêneros, no binômio protetor/protegida, mote do discurso patriarcal. A "proteção" é considerada parte do discurso de regulação do corpo da mulher.

Na sequência 3, X-Men: o confronto final, a personagem-mulher, Fênix/Dra. Jean, representa poder, já que ela é a mutante mais poderosa (nível 5) e, além disso, tem dupla personalidade, o que precisa ser combatido em favor da interpretação estável, previsível e segura (para quem?). Talvez seja, das 3 sequências do filme (X-men 1, X-men 2 e X-Men-3), o que mais exige intervenção dos homens. Neste filme, a mulher não precisa de proteção, já que ela é a mais poderosa mutante, porém, em razão disso, ela precisa ser destruída. O segmento sugere que uma mulher autosuficiente não pode existir, principalmente porque ela representa a combinação do desejo masculino em um só corpo, mostrada ao mesmo tempo como virgem e femme fatale. É justamente o homem que a deseja, Wolverine (Hugh Jackman), que mata porque não consegue dominá-la, isto é, separando-a. Dentro de sua lógica (e do discurso hegemônico), escolhe a destruição altruísta, remotando, através do eixo-memória, a discursos históricos (intertexto/interdiscurso), sobretudo do século XIX, quando a mulher foi separada discursivamente em duas: "divas" e "lucíolas" (referindo-me aos romances de José de Alencar). Um livro muito elucidativo sobre essa representação, é "As mulheres que eles chamam de fatal" , de Mirelle Dottin-Orsini, da editora Rocco. A questão é: por que esta lógica precisa se manter e qualquer outra destruída? A quem interessa esse discurso? Vale destacar que Fênix controla o desejo de Wolverine ao desafiá-lo, ao submetê-lo, daí a preferência "dele" pela Dra. Jean, a quem ele poder controlar.

Na sequência 4, King Kong, o mesmo mote aparece para confirmar que as relações de gênero se estabelecem através do discurso do protetor/protegida, e para este intuito é necessário expor a mulher em situações de alto risco e de medo. A sequência mostrou exageradamente momentos de extremo risco, chegando mesmo a provocar o riso, dada a avalanche de situações encadeadas que colocava a personagem-mulher sob pressão constante, só aliviada quando King Kong aparece para resgatá-la. Do ponto de vista psicológico, é uma estratégia perversa porque condiciona a mulher a um estado permanente de perigo, de medo, de tensão, para em seguida aliviá-la, sendo que esta desopressão aparece em forma de homem, o mesmo que a oprime, a quem ela passa a lhe atribuir relevância e imprescindibilidade a sua existência.  

Quanto ao amor, mencionado na aula, ele é o que impede que a ideologia apareça, funciona como encobrimento, já que por ele justificam-se todas as atrocidades. O discurso amoroso é tão importante nas relações de poder que as narrativas ocidentais não abrem mão dele como forma de realização da mulher, de regulação da mente (Van Dijk).

Ficha técnica dos filmes:


O Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado (Alemanha/EUA)

título original:Fantastic Four: The Rise of the Silver Surfer
gênero:Aventura
duração:1 hr 32 min
ano de lançamento: 2007
estúdio: 20th Century Fox / 1492 Pictures / Dune Entertainment / Marvel Enterprises / Thinkfilm
distribuidora: 20th Century Fox Film Corporation
direção: Tim Story
roteiro: Mark Frost, baseado nos personagens criados por Jack Kirby, Stan Lee e Don Payne
produção: Avi Arad, Bernd Eichinger e Ralph Winter


A Batalha de Riddick (EUA)

título original:The Chronicles of Riddick
gênero:Ficção Científica
duração:1 hr 59 min
ano de lançamento: 2004
estúdio: Universal Pictures / Radar Pictures Inc. / One Race Productions / Primal Foe Productions LLC
distribuidora: Universal Pictures / UIP
direção: David Twohy
roteiro: David Twohy, baseado nos personagens criados por Jim Wheat e Ken Wheat
produção: Vin Diesel e Scott Kroopf

X-men: o confronto final (EUA)

título original:X-Men: The Last Stand
gênero:Aventura
duração:1 hr 43 min
ano de lançamento: 2006
estúdio: 20th Century Fox / Marvel Enterprises / Ingenious Film Partners / Donners' Company
distribuidora: 20th Century Fox Film Corporation
direção: Brett Ratner
roteiro: Zak Penn e Simon Kinberg
produção: Avi Arad, Lauren Schuler Donner e Ralph Winter


King Kong (EUA)

título original:King Kong
gênero:Aventura
duração:3 hr 7 min
ano de lançamento: 2005
estúdio: Universal Pictures / WingNut Films / Big Primate Pictures
distribuidora: Universal Pictures / UIP
direção: Peter Jackson
roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens e Peter Jackson, baseado em estória de Merian C. Cooper e Edgar Wallace
produção: Jan Blenkin, Carolynne Cunningham, Peter Jackson e Fran Walsh


Referências:

VAN DIJK, Teun. Discurso e Poder. São Paulo: Contexto, 2008.
DOTTIN-ORSINI, Mirelle. As mulheres que eles chamam de fatal. Rio de Janeiro: Rocco, 1996.

Animais no videoclipe de Beyoncée

O videoclipe de Beyoncée, Run the World (Girls), mostra alguns animais que simbolizam diferentes atitudes e qualidades da experiência humana. Ei-los:

Hiena – segredos selvagens, adaptabilidade, paciência, perseverança, força, entendendo o valor de cooperação, defesa de limites, comunicação em espaços escuros, cantando a sua canção da alma, entendendo o valor da comunidade. Também, constitui uma alegoria do conhecimen­to, do saber, da ciência.

Touro: fecundidade

Cavalo – poder, fibra, resistência, fidelidade, liberdade, viagem, adverte de possíveis perigos, guiando na superação de obstáculos, acelera o crescimento pessoal.

Leão – libertar-se das tensões, forte ligação com a família, força, coragem, energia, assertividade da feminilidade, poder feminino do sol.

Um cavalo preto ou escuro nos sonhos significa mistério, e desconhecido. Você pode estar se arriscando em algum campo desconhecido. Eles representam forças ocultas. Se o cavalo é branco, significa pureza, prosperidade e boa sorte.

DOUTORADO - CRONOGRAMA DE AULAS (ATUALIZADO)

Os capítulos do livro de Norman Fairclough a serem discutidos em sala são o 3 (teoria social do discurso)  e o 4 (intertextualidade).
 
Durante as próximas aulas, desenvolveremos os encontros com base na seguinte metodologia:
 
31/08
 
14h: Discussão dos textos de Ingedore e Fairclough(1h30min)
15h30min: Exibição do filme Thelma & Louise (2h10min)
17h30min: encerramento
 
14/09
 
14h: Discussão do filme Thelma & Louise com base nos conceitos da ADC
15h30min: Exibição do filme Sonhos Roubados (1h25min)
17h: debate sobre o filme
17h30min: encerramento
 
21/09 - conclusão do primeiro bloco da disciplina
 
14h: apresentação das resenhas críticas ( parte escrita da resenha pode ser entregue no dia 28/09 por e-mail). Cada um fará a apresentação em 10min. (fazer um breve resumo do filme, identificar, sobretudo, a ideologia presente no discurso fílmico e como os gêneros sociais (WODAK) são representados.
18h: encerramento
 
Qualquer dúvida, é só postar no comentário.