segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

MEC abre concurso de cinema na escola

Uma ótima notícia!


Finalmente, as escolas da rede pública recebem incentivo para iniciar o aluno a fazer cinema. Falta agora inserir o profissional de cinema na escola de ensino básico para que possa ensinar os alunos. Afinal, como eles vão aprender a usar a linguagem cinematográfica ou de televisão, a técnica? Como eles irão aprender a escrever o roteiro em formato próprio deste gênero? De qualquer sorte, serve como provocação para aqueles que, ao lerem a chamada, se perguntarão: e como vou fazer isso?

Segue um trecho que está na página virtual:
O Concurso consiste na elaboração de roteiros e posterior produção, em formato de curtas metragens, visando estimular a produção escrita dos jovens, fomentando seu desenvolvimento pleno por meio da expressão do pensamento, das ideias e dos sentimentos, aproximando-os das indústrias criativas, tais como, neste caso, o cinema e a televisão.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Educar pelo Cinema

O verbo educar é atravessado, desde a sua etimologia latina,  por outros verbos associados à ideia de formação, isto é, dar uma forma, uma estrutura, dispor em uma determinada ordem. Sendo assim, educar alguém (verbo transitivo direto) exige um complemento verbal, mas esse complemento não pode ser inanimado. Afinal, não educamos mesas, bolas, lápis, mas, sim, seres viventes. É possível educar plantas? E cachorro, gato, galinha, urso? Aqui já entramos em outra esfera...

Atribuímos o verbo educar a pessoas, por convenção, pois se por um lado entendemos que podemos criar um cachorro, não aceitamos com a mesma facilidade que podemos instruí-lo, daí recorrermos a outro verbo para estes seres de estimação: adestrar. Este verbo tem o sentido de treinar e remete a gestos repetitivos, usado também entre humanos, mas para aqueles que executam atividades repetitivas como forma de aprimorar certas habilidades. 

Instrução requer uma atividade mais complexa, já que se baseia em aplicar estratégias cognitivas, metodológicas, interativas que levem o sujeito a responder com autonomia aos estímulos oriundos das leituras, das dúvidas, enfim das mediações linguístico-semióticas que chegam aos olhos dos sujeitos.

Uma dessas mediações é o filme ou a narrativa fílmica. Esse gênero textual é responsável por boa parte das leituras de crianças e adolescentes e não podemos deixar de verificar o teor pedagógico contido em cada um dos filmes. Em Alvin os Esquilos 3, por exemplo, em cartaz nos cinemas, há uma eterna discussão entre a relação criança-adulto: até que ponto conferir autonomia aos filhos? O que é obediência e desobediência? Deve-se hierarquizar as relações entre pais e filhos?

No filme, sabemos o quanto David ("pai" e empresário) tem dificuldades em manter os esquilos correspondendo às suas expectativas, principalmente quando ele precisa se ausentar, o que significa dizer viver um pouco, cuidar de si. Em dois momentos do filme, David perde o controle com os esquilos: uma quando ele sai para jantar com o comandante do navio (trata-se de um cruzeiro) e uma outra quando ele resolve aproveitar o sol e dorme na espreguiçadeira. De qualquer sorte, fica a ideia de que longe das vistas do adulto, as crianças fazem sempre alguma coisa que resultará em acidente, um prejuízo para elas ou para os adultos. Um momento interessante dá-se quando Alvin pega um canivete suiço e é advertido por David quanto ao seu uso. Porém, quando se perdem na Ilha, David vê-se obrigado a pedir que Alvin use o canivete para libertarem-se dos perigos. Fica claro que o objeto em si pode ser caminho para um acidente, mas, também para a libertação. Fica também a ideia de que em um determinado momento os pais deverão confiar na competência dos filhos para o exercício de algumas atividades, talvez incutida neles como inapropriadas. O contexto ajudará a definir o que é apropriado ou não.

As animações ensinam por si só às crianças (e aos pais) a pensarem o mundo.  Podemos achar que diante de um filme ou um livro elas não estão pensando, apenas se emocionando, o que não deixa de ser uma forma de "pensar", isto é, de estabelecer nexos que possam ajudá-las a opinar, ajudar a discernir o que é bom ou ruim e a comparar, por contraste, com outras ideias. Mesmo que no filnal, ao passar os créditos, elas deem um pinote e corram para brincar, não significa que nada lhes aconteceu. Em algum momento de sua vida, pode ser uma questão de horas ou décadas, alguma cena, um enunciado será revivido em uma conversa ou atitiude. A questão é identificar de que maneira um filme contribuiu para isso.

Desta forma, o cinema educa porque educar implica em mudar o comportamento, a atitude responsiva das pessoas, de forma profunda e quase surda que nem percebemos, e talvez seja essa a parte mais difícil nos estudos de recepção: perceber de que forma um sujeito ou um grupo de pessoas foram influenciados por um filme ao ponto de mudar a forma de pensar e de agir.

Quantas pessoas adultas aprenderam, foram influenciadas (mudando a forma de ver e ser no mundo) por filmes como: Os incompreendidos, de Françoise Trauffaut, por E o Vento Levou..., de Victor Flemming ou Juventude Transviada, de Nicholas Ray? E, entre os pequenos, cabe a pergunta: qual o papel dos desenhos e filmes da Disney na formação das crianças brasileiras?

Neste final de semana, fiquei sabendo que os meus sobrinhos não tinham visto E.T. Coloquei o DVD e observei que eles ficaram fascinados. Riram e se comoveram com as mesmas cenas que as crianças dos anos 80 - hoje marmanjos com 30 anos - se impressionaram.

O cinema educa pela emoção. A arte educa de uma forma diferente da ciência e nem por isso é menor. É uma maneira diferente de mediar o conhecimento, de fazer com que o sujeito tome consciência de si e do mundo. O cinema leva o espectador a experimentar emoções, põe valores em questão, produz esteticamente uma maneira de ver e ouvir diferente de qualquer outra arte audiovisual, une por meio da narrativa membros de uma comunidade discursiva, explora as possibilidades de transpor o espectador para outros espaços e lugares, enfim, o cinema ensina a escrever a vida por meio de uma linguagem técnica e em diálogo com outras linguagens, daí a sua grande riqueza.

TCCEX

O texto do TCCEX deverá ser dissertativo. Vejam um filme brasileiro dirigido por uma mulher e interpretem-no. É uma oportunidade para verem mais um filme de uma diretora e exercitar a sua observação com base em alguns aspectos que já vimos (neste e no curso anterior): planos, ângulos, trilha sonora, iluminação, estrutura ordem - confrontação - ordem (ainda vou aprofundar sobre isso), construção das personagens (heroi/vilão), discurso do filme (ideologia, veiculação de valores), referências intertextuais, etc.

RETORNO - II CINEMA E MULHER

Voltamos às nossas atividades extensionistas com o II Cinema e Mulher. Temos mais dois dias - 04 e 11 de fevereiro e daí encerraremos esta versão. Não se esqueçam do TCCEX com uma análise sobre um filme dirigido por uma mulher brasileira. Data de envio até 18/02.